quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CENTRAL DO BRASIL




Resumo



A Estação Central do Brasil é uma estação ferroviária, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro, e operada pela Supervia. É a estação de trens mais famosa do Brasil. Até o ano de 1998 era dominada Estação Dom Pedro II, denominação pela qual ainda é também conhecida.

A mesma teve um prédio construído em 1858 para inaugurar a linha da Estrada de Ferro Central do Brasil, a "Estação do Campo". Com o tempo teve seu nome alterado para estação da Corte e, mais tarde, Dom Pedro II. A estação hoje se chama Central do Brasil devido à antiga ferrovia extinta em 1971 por decisão da RFFSA. Este já era o nome informal da estação, e passou a oficial depois das filmagens do filme a que esta deu nome, que teve cenas rodadas na estação e concorreu ao Óscar, com Fernanda Montenegro na disputa pelo prêmio melhor atriz, em 1998.

O prédio construído em 1858 foi reformado anos mais tarde e finalmente demolido nos anos 30, para dar lugar ao atual, em razão das obras de eletrificação e expansão do sistema.

Dela hoje saem trens de diversos ramais, ligando o Centro aos demais bairros da Zona Norte e Oeste do Rio de Janeiro, e também aos municípios da Baixada Fluminense, inclusive o ramal de Saracuruna/Gramacho, do qual originalmente saíam da garagem de Barão de Mauá, por pertencerem à antiga Estrada de Ferro Leopoldina.





História



A Baronesa era o nome da locomotiva do primeiro trem a circular no Brasil; na sua primeira viagem, no dia 30 de Abril de 1854, percorreu a distância de 14 km num percurso que ligava a Baía de Guanabara a Raiz da Serra em Petrópolis no Rio de Janeiro. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (depois visconde), foi o responsável pela construção desta ferrovia através da concessão dada pelo imperador D. Pedro II, conhecida por Estrada de Ferro Petrópolis ou Estrada de Ferro Mauá.

No entanto, esta não era a primeira vez que se tentava introduzir o trem no Brasil. Em 1835 o regente Diogo Antônio Feijó tinha promulgado uma lei que concedia benesses a quem construísse uma estrada de ferro que ligasse o Rio de Janeiro às capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Esta arrojada e arriscada proposta não encontrou, contudo, ninguém que a quisesse explorar.

Em 9 de fevereiro de 1855, o Governo Imperial firmou contrato com o engenheiro inglês Edward Price para a construção da primeira seção de uma estrada de ferro que visava promover, a partir do Município da Corte (a então cidade do Rio de Janeiro), uma completa integração do território brasileiro sobre trilhos.

Foi então organizada a Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II, sob a direção de Christiano Benedicto Ottoni. O projeto mestre tinha como objetivo a construção de uma espécie de "espinha dorsal" entre o Rio de Janeiro e Belém do Pará, que teria conexões com todas as regiões do Brasil através de ramais a serem construídos pela própria companhia, ou, por meio de outras ferrovias.

As obras começaram em 11 de junho de 1855.

Em 29 de Março de 1858, seria inaugurada por D. Pedro II o primeiro trecho ferroviário urbano do Brasil que tinha incríveis 48,21 km, daquela que seria a principal, a mais importante e a mais famosa, estrada de ferro do Brasil, que impulsionaria o trem no Brasil, a Estrada de Ferro D. Pedro II, que inicialmente ligava a Estação Aclamação (atual Central do Brasil) à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu (atual Queimados).

Nessa época havia cinco estações: a atual Central do Brasil, Engenho Novo, Cascadura (todas no Município da Corte), Maxambomba (atual Nova Iguaçu) e Queimados, na Província do Rio de Janeiro. Em 8 de novembro do mesmo ano, a estrada de ferro se estendeu até Belém (atual Japeri), no sopé da Serra do Mar.

Em 1889, com a Proclamação da República, ocorrida coincidentemente em frente a estação, na praça da Aclamação (atual Praça da República), pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que seria o primeiro presidente do Brasil, a estrada passaria a se chamar, Estrada de Ferro Central do Brasil.

A Central do Brasil foi um marco importante na história ferroviária do Brasil. Ela era a única ferrovia verdadeiramente nacional, já que ligava entre si os três principais estados do Brasil, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Esta interligação tinha um enorme movimento de pessoas e cargas, e foi importantíssima no escoamento da produção das jazidas de minério de ferro de Minas Gerais.
Quando da Proclamação da República, em 1889, já existiam no Brasil cerca de dez mil quilômetros de ferrovias, mas foi no início do século XX que se deu um grande passo no desenvolvimento ferroviário, tendo sido construídos entre 1911 e 1916 mais cinco mil quilómetros de linha-férrea.


Central do Brasil – Início do Século XIX



Ampliação





Em 1860, foi concluído o Ramal de Macacos, a partir de Japeri, que era o ponto de partida para que a Estrada de Ferro D. Pedro II atravessasse a Serra do Mar. Em 12 de julho de 1863 os trilhos chegaram a Rodeio (atual Engenheiro Paulo de Frontin) e, no ano seguinte, ao Vale do Paraíba. O primeiro trem de passageiros alcançou Barra do Piraí a 9 de agosto de 1864.

Após a conclusão da transposição da Serra do Mar, a linha se bifurcou. O ramal chamado Linha do Centro seguiu em direção a Entre Rios (atual Três Rios). O outro, denominado Ramal de São Paulo, seguiu em direção ao Porto de Cachoeira (atual Cachoeira Paulista), atingindo-o em 20 de julho de 1875.

Em 1877 é concluída a ligação Rio de Janeiro – São Paulo, pela junção das ferrovias Paulista e D.Pedro II.

Em Entre Rios (onde chegou em 13 de outubro de 1867), a Estrada de Ferro D. Pedro II encontrou-se com a Estrada de Rodagem União e Indústria, inaugurada em 1861. Essa estrada ligava Petrópolis a Juiz de Fora. A partir dali, seguiu para outros municípios de Minas Gerais, alcançando Queluz de Minas (atual Conselheiro Lafaiete) em 1883.

A eletrificação da Central do Brasil foi decidida em 1933 após muitos anos de indecisões, mas a falta de meios económicos, aliada ao abandono das obras por parte da empresa inglesa responsável que foi obrigada a voltar-se exclusivamente para o esforço de guerra britânico na Segunda Guerra Mundial, atrasou o processo muitos mais anos. Em 1910 já tinha começado a eletrificação da E.F. Corcovado e em 1922 a Companhia Paulista de Caminhos de Ferro.
Central do Brasil - 1865


Em 30 de Setembro de 1957 é criada a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) que unificou as 42 ferrovias existentes, criando um sistema regional composto por 18 estradas de ferro. É por esta altura que surgem também as primeiras locomotivas a diesel no Brasil. Nesta altura, a rede ferroviária já se estendia por 25 mil quilómetros, (alguns já eletrificados), com ligações à Bolívia, à Argentina e ao Uruguai.



Em 1996, a R.F.F.S.A. é privatizada e as suas linhas divididas por várias empresas como a M.R.S. Logística, a Ferrovia do Centro Atlântica – F.C.A. e E.F. Vitória-Minas.


Central do Brasil - 1870



Central do Brasil - Final do Século XIX

Central do Brasil - 1899

Central do Brasil - 1900



Central do Brasil – Início do Século XX


Central do Brasil - Anos 20



Central do Brasil - 1928


Central do Brasil - 1930

Central do Brasil - Início dos Anos 30 (Começo da Era Vargas) (Ação Integralista Brasileira) (Rio X SP, a rivalidade que até certo ponto, é bom para o desenvolvimento do país, estava no auge naquela época, com a crise político-militar, provando que a maior rivalidade do país não é de hoje) (O Primeiro Torneio Interestadual de futebol, que seria embrião dos campeonatos nacionais, data dessa época, o Rio X São Paulo, até pq seria impossível organizar um torneio nacional, visto que a primeira ponte aérea do Brasil (Rio X SP) começou em 1959), curiosamente a Taça Brasil começa a ser disputada em 1959.



Na verdade, hoje se sabe que a Revolução de São Paulo, ao contrário do que dizia a propaganda do governo federal na época, não tinha um caráter separatista, era apenas um movimento em defesa da democracia em todo o país e dos ideais que levaram Getúlio Vargas ao poder em 1930. Uma evidência disso é que o movimento tinha articulações em outros estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais e contava com o apoio velado de oficiais no Rio de Janeiro. 

O que São Paulo não concordava, na sua particularidade, era a forma como vinha sendo tratado pelo governo Vargas. Afinal, mesmo tendo apoiado a Revolução de 30, os paulistas sentiam-se hostilizados pelo governo federal, com a nomeação de interventores sem nenhuma relação com o Estado. Manifestava-se assim, uma ação preconceituosa contra o Estado por ser ele, desde 1915, o mais desenvolvido da nação, com relações capitalistas concretizadas, em meio a um país agrário, dominado em muitas regiões por coronéis com seus vícios da Velha República – a exemplo do voto de cabresto.

A crise político-militar de 1932 foi um questionamento profundo do próprio caráter da república brasileira, um confronto aberto entre a democracia, defendida pelos constitucionalistas, e o autoritarismo, praticado por Vargas e apoiado pelos tenentes


A GUERRA





1932 - Duas reuniões da cúpula conspiratória em São Paulo, nos dias 7 e 9 de Julho, decidiram pelo início do confronto, atacar o Rio de Janeiro na madrugada do dia 10, tendo como comandante militar o coronel Euclydes Figueiredo, recém chegado do Rio de Janeiro, e comandante-geral Isidoro Dias Lopes, que havia liderado o levante de 1924.

Os primeiros confrontos se deram em Passa Quatro, no Vale do Paraíba, quando tropas paulistas começaram a atacar o Rio de Janeiro, tropas federais comandadas por Eurico Gaspar Dutra – que seria presidente 14 anos depois – defendendo o Rio de Janeiro, massacraram os paulistas. Enquanto isso, em Itararé, na divisa com o Paraná, tropas do Rio Grande do Sul atacaram as posições paulistas. 

É curioso notar que os voluntários paulistas que haviam se dirigido a essas regiões esperavam pela adesão dos militares vindos de Minas Gerais, no caso de Passa Quatro, e do Sul, na região de Itararé. Mas as articulaçes do governo federal (Rio de Janeiro) minaram esses apoios, e inverteram o xadrez político, sendo assim, tanto Minas Gerais como o Rio Grande do Sul, numa atitude covarde de última hora, temendo represálias cariocas, decidiram em não se unir a São Paulo, deixando assim São Paulo sozinho contra o Rio. 

Os paulistas que foram para esses locais não tinham prática alguma no manuseio das armas. Eles esperavam pelas tropas do Sul e de Minas achando que viriam como aliadas para marcharem até o Rio e derrubarem o governo. No entanto, os militares, que eram profissionais na utilização das armas, já chegaram atirando, não havendo possibilidade de resistência nessas frentes. 

Decidido a esmagar a revolução, o governo federal do Rio de Janeiro ordena às forças armadas o bombardeio aéreo do Campo de Marte, na zona Norte, à cidade de Campinas, uma Usina Hidrelétrica, posições no Vale do Paraíba – entre Bananal e Barra Mansa, interior do Estado do Rio -, e na frente Sul, às cidades de Faxina, Buri e Itapetininga.

O bombardeio mais forte ocorreu em Campinas, onde civis ficaram feridos e um garoto de 10 anos foi morto. Já o Campo de Marte foi alvo de um pesado ataque aéreo porque seus pilotos haviam sido convocados para integrar o Movimento Constitucionalista, juntamente com outros aviadores militares que aderiram à causa. 

Além da destruição provocada ao Campo de Marte pelos bombardeios, derrotado o levante, todos os aviões do Campo de Marte foram levados para o Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Além disso a instalação do Parque da Aeronáutica, em 1934, ocupou uma boa parcela da área do Campo de Marte. 

Apesar da supremacia das forças governistas – com mais de 300 mil homens contra o exército de 40 mil soldados paulistas - a resistência dos constitucionalistas surpreendeu, mesmo tendo os estoques de armas, munições e equipamentos das guarnições federais no Estado (Rio de Janeiro) que era destribuído por todos os estados, incluindo São Paulo.

O saldo da revolução registra mais de 600 mortos e 15 mil feridos ou mutilados. Mas, se São Paulo foi derrotado no que diz respeito aos embates de guerra, o mesmo não se pode afirmar sobre os desdobramentos políticos. Dentre os quais a confirmação das eleições de 1933 e a promulgação da Constituição de 1934, para cuja redação os constitucionalistas deram contribuição importante, já que obtiveram 17 das 22 vagas da bancada paulista para a Câmara Federal Constituinte.

Central do Brasil - Anos 30 (O Atual Edifício começa a aparecer atrás da antiga estação)

Central do Brasil – Final dos Anos 30 (O Atual Edifício já quase concluído, que ao contrário do que muitos achavam, conviveu por um curto espaço de tempo com a antiga estação.)

Central do Brasil - 1940

Central do Brasil - 1941

Central do Brasil - Anos 40

Central do Brasil - 1949


Central do Brasil - Anos 50

Central do Brasil - 1956

Central do Brasil - 1963

Central do Brasil - 1964 (Começo do Regime Militar)

Pra quem não sabe, ou não é carioca, esse imponente edifício ao lado da Central do Brasil, era o edifício do Ministério do Exército.





Central do Brasil - 1969