quarta-feira, 30 de março de 2011

ILHA DE PAQUETÁ

Paquetá, a “Ilha dos Amores”, foi descoberta por André Thevet, cartógrafo de Villegagnon, no dia 18/12/1556, na invasão francesa no Rio de Janeiro. Paquetá, nome dado pelos Tamoios, vem de Pac (paca) + eta (muitas), significando “lugar de muitas pacas”. Nas águas da Ilha, os portugueses e os Temininós, grupo de Araribóia, sob o comando de Belchior de Azeredo, derrotaram, em 1566, os Tamoios na longa da Batalha de Canoas. Fernão Valdez, nesse mesmo ano, a escolheu como sesmaria, que dividiu com Inácio de Bulhões. 
Em 1697, Paquetá já dispunha da Capela de São Roque, do Padre Manuel Espinha e, em 1758, da Capela de Bom Jesus do Monte, erguida por Manuel Cardoso Ramos que mais tarde se constituíram em freguesias e rivais. A Freguesia de Paquetá foi criada por provisão de 1769, fazendo parte das Vilas de Magé e São Gonçalo. Por decreto, de 1833, a freguesia foi desmembrada, fazendo parte do Município da Corte (Rio). Dom João VI sempre visitava a Ilha e se hospeda na casa do Oficial de Milícias Francisco Gonçalves da Fonseca, depois transformada no museu Solar D”El-Rey. Em Paquetá moraram, entre outros, José Bonifácio, colocado em prisão domiciliar, o Marquês de Tamandaré, o Comendador Lage e a Marquesa de Jacarepaguá e o pintor, escultor e paisagista Pedro Bruno. 




São da autoria deste último: o planejamento artístico e paisagístico do Cemitério de Paquetá, que transformou em verdadeiro jardim e onde plantou uma série de espécimes de plantas nativas e esculpiu diversas obras de arte, elaborou o projeto e executou o Parque dos Tamoios, com seus jardins e caramanchões, a Capela do Cemitério e muitas outras obras. A Ilha também serviu de inspiração ao romancista Joaquim Manuel de Macedo, que escreveu a “Moreninha”, tendo como cenário a “Pedra da Moreninha”. Durante a Revolta da Armada, em 1893, a Ilha foi ocupada durante 6 meses pelos marinheiros sublevados. 


De 1908 a 1912 foi instalada a rede de esgoto pela companhia inglesa City Improviments, hoje, uma companhia, a CEDAE. Atualmente, o esgoto é lançado por emissário submarino. Em 1877, foi criada linha regular de barcas, ligando Paquetá à Praça XV, pelo Comendador Antonio Lage e, em 1889, sua concessão passou para a Companhia Cantareira e Viação Fluminense, mais tarde STBG, CONERJ, atualmente, privatizada (Barcas S.A.).


Paquetá é residencial, sendo proibido o tráfego de veículos particulares motorizados. A circulação interna é feita a pé, em bicicletas, charretes e trenzinho turístico. Durante o governo do Prefeito Marcos Tamoio (1975/79), foram feitos o aterro da Praia da Moreninha e os Parques da Moreninha e Darke de Matos.


Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.






Nicolau Facchinetti, pintor italiano, retratou com maestria a Ilha de Paquetá entre 1870 e 1890 deixando um legado de alto significado histórico. Suas telas, em óleo sobre madeira ou sobre cartão, nos trazem imagens raras da antiga orla marítima da Ilha daquela época, invariavelmente com efeitos de fim de tarde. Suas obras, em importância histórica, são comparáveis em genialidade e precisão de detalhes às de Rugendas, Debret, Taunay e Ranzini.

URCA

Estácio de Sá, sobrinho do Governador-geral Mem de Sá, fundou, em 1º de março de 1565, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em uma praia localizada entre os morros Pão de Açúcar e Cara de Cão. Ele construiu, na entrada da baía, uma fortificação composta por casinhas simples feitas de troncos de madeira e barro, cobertas de palha, ao lado das quais perfurou um poço para abastecimento de água potável. Ergueu uma capelinha, designou autoridades e criou uma hierarquia, nomeando o juiz, o alcaide-more o tabelião. Esta pequena paliçada, que recebeu o nome em homenagem a Dom Sebastião, rei de Portugal, constituiu o núcleo inicial da Cidade, estabelecendo as bases para sua colonização. Desta forma, o Rio de Janeiro começou em um estratégico istmo, localizado no que hoje conhecemos como o bairro da Urca. 

Depois que Estácio de Sá combateu e expulsou os franceses, a Cidade foi transferida para o Morro do Castelo, situado no atual bairro do Centro. A área que hoje se conhece como o bairro da Urca foi criada entre 1910 e 1922, por meio de aterros, ao longo da orla voltada para a tranqüila enseada de Botafogo. O nome Urca tem origem no morro rochoso que lembrava um tipo de embarcação antiga usada pelos holandeses para transporte de carga.antiga usada pelos holandeses para transporte de carga.

No inicio, existiam, apenas, as águas da enseada que acompanhavam o costão do Morro da Urca em sua face oeste. Por ele passava um caminho que levava ao Forte São João e que hoje corresponde à avenida São Sebastião.


No fim do século XIX, o português Domingos Fernandes Pinto adquiriu uma pedreira escavada no Morro da Urca, onde só se podia chegar de barco. Depois, firmou com dois sócios um contrato com a Intendência Municipal para implantação de um cais no local. Foi feito um enrocamento com uma ponte precária na área do “Quadrado da Urca”.

Em 1921, durante o governo do Prefeito Carlos Sampaio, foi concluído o “Quadrado da Urca”; inaugurada a avenida Portugal e aterrada a área cercada pela murada de granito ao longo da costa, até o portão do Forte. Nesta época foi feito, também, o atual arruamento. 


Entre 1920 e 1923 foi criada, artificialmente, a Praia da Urca e erguido nela o “Hotel Balneário da Urca”. O Hotel, com 34 quartos, logo entrou em decadência e, em 1933, foi transformado no “Cassino Balneário da Urca” que, além de funcionar como um cassino, apresentava espetáculos, com grandes artistas nacionais e internacionais. Em 1946, no governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra, foram proibidos os chamados “jogos de azar” e, assim, o Cassino foi fechado.

Em 1952, se instalou, no local, o primeiro canal de televisão no Brasil, a TV Tupi, que permaneceu no ar até 1968. A partir desta data, o prédio foi abandonado. Recentemente foi adquirido pela Prefeitura e será uma Escola de Design.

FOTO DE 1908.

A Urca é um bairro residencial, cortado por ruas arborizadas. A avenida Pasteur, antiga Praia da Saudade, abriga hoje o Iate Clube do Rio de Janeiro e as instalações da UNIRIO-Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UFRJ-Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Benjamin Constant. Na Praia Vermelha, estão o Instituto Militar de Engenharia (IME), a Escola de Comando e Estado Maior do Exército, a pista de caminhada Cláudio Coutinho e a estação do primeiro estágio do Teleférico. Em um percurso de 1330 metros, sob cabos de aço, o mundialmente conhecido Bondinho leva milhões de turistas ao alto dos morros da Urca e Pão de Açúcar.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.


Urca nos anos 50

Praia Vermelha em 1953.

FOTO DE 1865, CAMPUS DO UFRJ.

quarta-feira, 16 de março de 2011

ABOLIÇÃO / LEI ÁUREA

Resolvi postar aqui no meu blog sobre a Abolição no Brasil, já que falando da lei Áurea também conto mais do nosso querido Rio de Janeiro, antiga Guanabara, berço da abolição.


Missa campal de Ação de Graças, no Rio de Janeiro, reúne a princesa Isabel e cerca de vinte mil pessoas, celebra a abolição, no dia 17 de maio de 1888.

A história do abolicionismo no Brasil remonta à primeira tentativa de abolição da escravidão indígena, em 1611, e a sua abolição definitiva, pelo Marquês de Pombal, durante o reinado de D. José I, e aos movimentos emancipacionistas no período colonial, particularmente a Conjuração Baiana de 1798, em cujos planos encontrava-se o da erradicação da escravidão. Após a Independência do Brasil, as discussões a este respeito estenderam-se por todo o período do Império, tendo adquirido relevância a partir de 1850, e, caráter verdadeiramente popular, a partir de 1870, culminando com a assinatura da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão negra no Brasil.

Missa realizada na Praça XV, no Rio de Janeiro, em Ação de Graças realizada três dias depois da asinatura da Lei Áurea. Ao fundo, embaixo do dossel, vêse a Princesa Isabel e o Conde D´Eu, entre outros políticos influentes da época. Rio de Janeiro. Foto de 16 de maio de 1888.

Princesa Isabel.

Ao se falar em escravidão, é difícil não pensar nos portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios com negros africanos, colocando-os a venda por toda a região da América.Sobre este tema, é difícil não nos lembrar dos capitães-do-mato, que eram os homens que perseguiam os negros que haviam fugido das fazendas, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e ideias defendidas pelos abolicionistas e de muitos outros fatos ligados a este assunto.


Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico dos africanos. Ela vem desde os primórdios da história humana, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Exemplo são os hebreus, que foram vendidos como escravos desde o começo de sua história

Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Roma foram duas delas, detendo um grande número de escravos, contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade.

O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto de número 81.234.


A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei Saraiva-Cotejipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção gradual do elemento servil".

Rio de Janeiro, 13 de Maio de 1888. Uma carruagem real corre pelas ruas do Rio, parando à porta do Paço Real. 

Foi assinada por Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, e pelo ministro da Agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva. O Conselheiro Rodrigo Silva fazia parte do Gabinete de Ministros presidido por João Alfredo Correia de Oliveira, do Partido Conservador e chamado de "Gabinete de 10 de março". Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior.

A Lei Áurea foi assinada em 13 de maio de 1888 pela Princesa Isabel do Brasil extingüindo a escravidão no Brasil:

A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: 

Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. 
Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário. 

Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém. 

O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Publicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr. 

Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império. 

Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva 

Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extincta a escravidão no Brazil, como nella se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império.- Antônio Ferreira Viana. 

Transitou em 13 de Maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque.


A igualdade que não veio

Após a assinatura da Lei Áurea, os descendentes de africanos escravizados conquistaram a liberdade, mas não a cidadania. As elites tentaram apagar o passado escravista do país e substituíram as senzalas pela institucionalização da discriminação racial.

Com o fim da escravidão, muitos negros buscaram no trabalho informal uma maneira de sobreviver. Foto de Marc Ferrez de 1899.

De 1872 a 1890 a população praticamente dobrou. Neste momento a população estrangeira representava 40% da força de trabalho no Rio de Janeiro. Além do enorme contingente de ex-escravos que após a abolição se estabeleceram na capital federal.

Todo esse aumento no contingente populacional aconteceu de forma desordenada. A cidade não dispunha de serviços adequados de habitação e saneamento. Apesar de todo crescimento a cidade ainda mantinha seu aspecto colonial de ruas estreitas e mal iluminadas, prédios antigos transformados em habitações coletivas, os chamados cortiços considerados o embrião das favelas, tiveram origem nesse momento. Havia muitos mendigos pelas ruas, ambulantes e a falta de saneamento favoreciam surtos de doenças pestilenciais como a febre amarela, tuberculose, varíola e a peste bubônica. O velho centro estava habitado por gente simples e humilde vivendo em péssimas condições de higiene.


Essa era a mão de obra disponível para alavancar a economia da jovem República e ao contrário do que se imaginava, havia um enorme contingente populacional de imigrantes, tanto quanto de ex-escravos.


Cenas do cotidiano dos escravos em 1860, em fotografias de Cristiano Jr.

Os ex-escravos e libertos reagiam, assim, à inexistência de políticas públicas no pós-1888 para incorporar milhares de pessoas a uma sociedade até então de cidadania restrita por meio do acesso à terra, ao trabalho e à educação. Pelo contrário: o silêncio sobre a integração dos ex-escravos e os limites da sua cidadania, misturado à truculência contra a população pobre urbana, sugere mesmo a institucionalização de um modelo – nem sempre explícito legalmente, mas vigente em práticas e políticas públicas adotadas – de intolerância racial que seria adotado no século XX pelas elites e pelo poder público do país “civilizado”.

A alfândega, de P. Bertichen: o trabalho negro no cais.

Um pouco mais de história

Documentos recentemente descobertos revelam que a Princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá. A carta escrita pela princesa em 11 de agosto de 1889 revelada pela revista Nossa História em 2006 endereçada a um amigo, o Visconde de Santa Vitória (primo e sócio do Visconde de Mauá, um dos homens mais ricos do Brasil), deixa claro que ela tinha planos para os escravos recém-libertos. Isabel e o pai, o imperador Pedro II, chegaram a articular com empresários a compra de terras para ex-escravos. A mensagem dirigida por Isabel ao empresário é clara: “Com os fundos doados pelo senhor, teremos oportunidade de colocar estes ex-escravos, agora livres, Afro-descendentes em terras próprias trabalhando na agricultura e na pecuária e delas tirando seus próprios proventos”.

O problema se constituiu na seguinte dicotomia: A escravidão foi abolida, a discriminação racial não. O escravo liberto não seu tornou necessariamente um empregado assalariado. Os senhores das terras muitas vezes preferiam dar emprego a imigrantes europeus, brancos, do que a negros (considerados raça inferior naquela época) recém libertos. Sendo assim restava ao ex-escravo partir em direção as cidades, que já na época, não tinham condições estruturais, nem políticas públicas, para abrigar mais moradores.

Restava aos ex-escravos, junto com outros imigrantes que vinham para as cidades, a marginalidade - marginalidade no contexto geográfico, pois os novos habitantes das cidades brasileiras se instalavam em suas margens, nas áreas ainda sem infra-estrutura das cidades - e também a marginalidade econômica, pois não havia trabalho para todos os novos habitantes do Brasil. A classe dominante ainda estava acostumada com o regime escravagista e de superioridade racial, e por isso não houve uma preocupação com essa nova parcela da população que estava sendo incorporada ao País.

A única preocupação real da ascendente burguesia, e da decadente classe rural brasileira do final do século XIX, era o lucro. Todos queriam lucrar o máximo possível para adentrarem no rentável comercio da revolução industrial. Lucro maior significa mais exploração da força de trabalho, sendo assim, o salário era o menor possível, e cada vez mais pessoas eram empurradas para o que ouso chamar de “marginalidade tupiniquim”, ou seja, aqueles que não tinham lugar na recém surgida sociedade capitalista brasileira. A marginalidade tupiniquim buscava na informalidade meios de sobreviver em uma sociedade em que o mais importante era o lucro. O aumento da criminalidade, e da marginalidade no Brasil se deve não pela libertação dos escravos, mas sim pela manutenção de um sistema baseado na exploração. Essa marginalidade tupiniquim buscará na informalidade os meios de sobrevivência. Seja vendendo sua força de trabalho em troco de um prato de comida, seja partindo para a execução de atos ilícitos.

terça-feira, 15 de março de 2011

JARDIM BOTÂNICO

Uma das mais belas e bem preservadas áreas verdes da cidade, o Jardim Botânico é um exemplo da diversidade da flora brasileira e estrangeira. Nele podem ser observadas cerca de 6.500 espécies (algumas ameaçadas de extinção), distribuídas por uma área de 54 hectares, ao ar livre e em estufas.


O Jardim abriga ainda monumentos de valor histórico, artístico e arqueológico, além de um importante centro de pesquisa, que inclui a mais completa biblioteca do país especializada em botânica, com mais de 32 mil volumes.

Vista do Jardim Botânico. Parte do “Álbum do Rio de Janeiro Moderno.

Da criação ao período Imperial

Recém-chegado, por decreto de 13 de junho de 1808, o Príncipe-Regente D. João, filho da então Rainha D. Maria I, criou no antigo "Engenho da Lagoa", pertencente a Rodrigo de Freitas, o Jardim de Aclimação, com a finalidade de aclimatar as plantas de especiarias oriundas das Índias Orientais: noz-moscada, canela e pimenta-do-reino.Sua origem remonta à transferência da família real e nobreza portuguesa para a então colônia do Brasil, entre 1808 e 1820. Fixando-se no Rio de Janeiro, então alçada à condição de sede do Império Português, a mudança trouxe diversas oportunidades e melhorias para a cidade, dentre elas a implantação de uma fábrica de pólvora na sede do antigo engenho de Rodrigo de Freitas, cujas ruínas dos muros atualmente integram os limites do Jardim Botânico.


No mesmo ano, a 11 de outubro, recebeu o nome de Real Horto. Sua direção foi entregue ao marquês de Sabará, diretor da fábrica de pólvora criada ao lado, que também entendia de botânica, sendo depois substituído pelo tenente-general Carlos Napion. Em 1810, segundo o "Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro", o prussiano Kaucke o transformou em uma estação experimental. Tinha à sua disposição escravos, instrumentos, morada e ganhava mais de 800 mil réis por ano. Nos viveiros já havia mudas de cânfora, nogueira, jaqueira, cravo-da-índia e outras plantas do Oriente.

Com a proclamação da independência do Brasil em relação ao reino de Portugal, e, por conseguinte, fundação do Império do Brasil, o Real Hortofoi aberto à visitação pública em 1822 como Real Jardim Botânico. Posteriormente, passou a chamar-se Imperial Jardim Botânico e assim foi seu nome no Brasil Imperial(1822-1889). Adquiriu a partir de então foros de botânico, pois seu diretor era um erudito frade carmelita, frei Leandro do Sacramento, professor de botânica conhecido pelos seus estudos da flora brasileira. Frei Leandro introduziu melhoramentos e organizou um catálogo das plantas ali cultivadas. Foi o orientador das aléias de mangueiras, jaqueiras, nogueiras e outras, assim como das cercas de murtas, crótons, hibisco.

Em sua homenagem, uma das dependências do jardim tem o seu busto e o belo lago leva o seu nome.

Jardim Botânico, 1865.

Da proclamação da república aos nossos dias

O jardim encontra-se tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1937.Com a proclamação da república do Brasil em 15 de novembro de 1889, e, por conseguinte, fim do Império brasileiro, passou a ser denominado como Jardim Botânico, desde 1890. Até então era denominado como Imperial Jardim Botânico. Desde então, teve vários visitantes ilustres como Albert Einstein, a rainha Elizabeth II do Reino Unido e outros, transformando-se em cartão-postal da cidade do Rio. Entre os nomes de pesquisadores que lhe estão ligados está o de Manuel Pio Correia.

Em 1991, a UNESCO considerou-o como Reserva da Biosfera. Nesse momento, quando o Jardim passava por dificuldades de manutenção e conservação, um grupo de empresas públicas e privadas se formou para auxiliá-lo. Como resultado das parcerias, em 1992 o orquidário e a estufa de violetas foram renovados, além de procedida uma limpeza no lago. Em 1995, foi construído o Jardim Sensorial, com plantas aromáticas e placas indicadoras em Braille, permitindo a visitação por deficientes visuais. Posteriormente, uma nova estufa para as bromélias foi construída. No início do século XXI, o muro do jardim na rua Pacheco Leão foi demolido, dando lugar a uma grade, melhorando a sua integração paisagística no bairro.

Como reconhecimento pela sua importância científica, foi rebatizado como Instituto de Pesquisas Jardim Botânico em 1998, ficando afeto ao Ministério do Meio Ambiente. Finalmente, em 2002, tornou-se uma autarquia.

quarta-feira, 2 de março de 2011

VILA ISABEL

Todas as terras de Vila Isabel eram da Fazenda do Macaco, limitada pelo Rio Joana, pelo Caminho do Cabuçu (atual rua Barão do Bom Retiro) e pela Serra do Engenho Novo. Dom Pedro I a presenteou à Imperatriz D. Amélia de Beauharnais, Duquesa de Bragança, sendo freqüentes os passeios do casal ao local. Com a volta de Dom Pedro a Portugal, a fazenda ficou abandonada, sendo atingida pela epidemia de cólera morbus de meados do século XIX. A região se situava na rota de passagem entre os Engenhos Velho e Novo dos Jesuítas, sendo cortada por dois caminhos principais: o do Cabuçu e o do Macaco.


O Barão João Batista de Viana Drummond, reconhecendo o potencial comercial da área, procurou o Ministro do Império, Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, solicitando permissão para estabelecer uma linha de ferro-carril ligando a Fazenda do Macaco ao Centro da Cidade. Em 1872, o Barão de Drummond comprou a fazenda e montou (em sociedade com o Visconde de Silva, o Barão de São Francisco Filho, Bezerra de Menezes e Temístocles Petrocochino) a “Companhia Arquitetônica de Villa Izabel” para a promoção de loteamento, para o qual contratou projeto do Engenheiro Francisco Bittencourt da Silva. Assim, em 1873, nascia o primeiro bairro planejado da cidade. Bittencourt da Silva fez o levantamento do terreno e elaborou a planta do loteamento “Villa Izabel” - em homenagem à Princesa Isabel -, com 13 ruas projetadas, uma grande avenida arborizada, o “Boulevard” 28 de Setembro (aproveitando o antigo Caminho do Macaco), e uma praça central, a Sete de Março (atual Barão de Drummond).

Entre 1873 e 1875, a Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel estendeu as linhas de bonde para Vila Isabel, inicialmente de tração animal. Em 1909, foi inaugurada a Estação de Bondes de Vila Isabel, já com tração elétrica.


Dotado de um Jardim Zoológico (nele foi criado, em 1884, o “Jogo do Bicho”), o bairro contava com os Clubes Vila Isabel F.C. (1912), Confiança Atlético Clube (1915) e, mais tarde, a atual Associação Atlética Vila Isabel (1950). Na primeira metade do século XX, foram erguidos a Igreja N. S. de Lourdes (entre 1919 e 1943), o Convento da Ajuda (1920) e a Igreja de Santo Antonio de Lisboa (1902), no alto do morro de mesmo nome, a 71 metros de altitude.

Postal - Jardim Zoológico.

Postal - Jardim Zoológico.

Bilhete de entrada do Jardim Zoológico de Vila Isabel, datado de 1895.


Vila Isabel abrigou uma das fábricas mais antigas da Cidade, a Companhia de Fiação e Tecidos Confiança, desativada em 1964. Hoje, o prédio remanescente do conjunto fabril - onde está instalado o Supermercado Extra - e casas da vila operária no seu entorno fazem parte de Área de Proteção do Ambiente Cultural municipal.

Ao longe ainda se vê a famosa e conservada chaminé. Anos '50.

O bairro, cantado em sambas famosos em todo o Brasil, teve entre seus ilustres moradores Noel Rosa – o grande compositor profundamente identificado com o espírito e o charme de Vila Isabel -, João de Barro e Orestes Barbosa. Outra referência importante é Martinho da Vila, cuja história se confunde com a da tradicional Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, campeã do carnaval carioca de 1988.

Noel de Medeiros Rosa (Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1910 — Rio de Janeiro, 4 de maio de 1937) Foi um sambista, cantor, compositor, bandolinista, violonista brasileiro e um dos maiores e mais importantes artistas da música no BrasilTeve contribuição fundamental na legitimação do samba de morro e no "asfalto", ou seja, entre a classe média e o rádio, principal meio de comunicação em sua época - fato de grande importância, não só o samba, mas a história da música popular brasileira.

Noel Rosa 1930.

Noel Rosa nasceu de um parto muito difícil, que incluiu o uso de fórceps pelo médico obstetra, como medida para salvar as vidas da mãe e bebê. Além disso, nasceu com hipoplasia(desenvolvimento limitado) da mandíbula (provavel Sindrome de Pierre-Robin) o que lhe marcou as feições por toda a vida e destacou sua fisionomia bastante particular.

Criado no bairro carioca de Vila Isabel, primeiro filho do comerciante Manuel Garcia de Medeiros Rosa e da professora Martha de Medeiros Rosa, Noel era de família de classe média, tendo estudado no tradicional Colégio São Bento.

Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e tomou gosto pela música — e pela atenção que ela lhe proporcionava. Logo, passou ao violão e cedo tornou-se figura conhecida da boemia carioca. Entrou para a Faculdade de Medicina, mas logo o projeto de estudar mostrou-se pouco atraente diante da vida de artista, em meio ao samba e noitadas regadas à cerveja. Noel foi integrante de vários grupos musicais, entre eles o Bando de Tangarás, ao lado de João de Barro (o Braguinha), Almirante, Alvinho e Henrique Brito.

Em uma das formas mais vistas: acendendo seu cigarro.

Em 1929, Noel arriscou as suas primeiras composições, Minha Viola e Toada do Céu, ambas gravadas por ele mesmo. Mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com o lançamento de Com que roupa?, um samba bem-humorado que sobreviveu décadas e hoje é um clássico do cancioneiro brasileiro. Noel revelou-se um talentoso cronista do cotidiano, com uma sequência de canções que primam pelo humor e pela veia crítica. Orestes Barbosa, exímio poeta da canção, seu parceiro em Positivismo, o considerava o "rei das letras". Noel também foi protagonista de uma curiosa polêmica travada através de canções com seu rival Wilson Batista. Os dois compositores atacaram-se mutuamente em sambas agressivos e bem-humorados, que renderam bons frutos para a música brasileira, incluindo clássicos de Noel como Feitiço da Vila e Palpite Infeliz. Entre os intérpretes que passaram a cantar seus sambas, destacam-se Mário Reis, Francisco Alves e Aracy de Almeida.

Noel teve ao mesmo tempo várias namoradas e foi amante de muitas mulheres casadas. Casou-se em 1934 com Lindaura Medeiros Rosa, mas era apaixonado mesmo por Ceci (Juraci Correia de Araújo), a prostituta do cabaré, sua amante de longa data. Era tão apaixonado por ela, que ele escreveu e fez sucesso com a música "Dama do Cabaré", inspirada em Ceci, que mesmo na vida fácil, era uma dama ao se vestir e ao se comportar com os homens, e o deixou totalmente enlouquecido pela sua beleza. Foram anos de caso com ela, eles se encontravam no cabaré a noite e passeavam juntos, bebiam, fumavam, andavam principalmente pelo bairro carioca da Lapa, onde se localizava o cabaré. Ele dava-lhe presentes, joias, perfumes, ela o compensava com noites inesquecíveis de amor.


Noel passou os anos seguintes travando uma batalha contra a tuberculose. A vida boêmia, porém, nunca deixou de ser um atrativo irresistível para o artista, que entre viagens para cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre voltava para o samba, à bebida e o cigarro, nas noites cariocas, cercado de muitas mulheres, a maioria, suas amantes. Mudou-se com a esposa para Belo Horizonte, lá, Lindaura engravidou, mas sofreu um aborto, e não pôde mais ter filhos, por isso Noel não foi pai. Da capital mineira, escreveu ao seu médico, Dr. Graça Melo: “Já apresento melhoras/Pois levanto muito cedo/E deitar às nove horas/Para mim é um brinquedo/A injeção me tortura/E muito medo me mete/Mas minha temperatura/Não passa de trinta e sete/Creio que fiz muito mal/Em desprezar o cigarro/Pois não há material/Para o exame de escarro". Trabalhou na Rádio Mineira e entrou em contato com compositores amigos da noite, como Rômulo Pais, recaindo sempre na boêmia. De volta ao Rio, jurou estar curado, mas faleceu em sua casa no bairro de Vila Isabel no ano de 1937, aos 26 anos, em consequência da doença que o perseguia desde sempre. Deixou Lindaura viúva e não foi pai de nenhum filho. Lindaura e dona Martha cuidaram dele até o fim. 

Fonte: adifaamada.blogspot.com
Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Esta é uma fotografia do esquadrão defensor do bairro mais musical do mundo. Fundado em 2 de Maio de 1912, o time do local que tanto inspirou Noel Rosa em suas composições, teve como estádio o campo localizado na antiga praça Sete de Setembro (hoje pça. Barão de Drumond), mais tarde, passou a mandar seus jogos no campo do antigo jardim zoológico, localizado a 500 metros da praça sete. 

Fonte: linguasoltafc.blogspot